
A pressa pela entrega e o colapso da engenharia de software
A pressa pela entrega e o colapso da engenharia de software
Vivemos um momento crítico na evolução da engenharia de software. A cultura do “entregue primeiro, arrume depois” se tornou dominante, impulsionada por metodologias ágeis mal interpretadas e um mercado cada vez mais pressionado por velocidade. Mas o que estamos ganhando em agilidade, estamos perdendo — e muito — em qualidade.
A nova geração de desenvolvedores e o risco do imediatismo
A nova geração de devs cresceu cercada por ferramentas incríveis. Hoje é possível montar aplicações completas com frameworks prontos, IA generativa, boilerplates e APIs que encurtam o caminho. Isso, por si só, é ótimo. O problema surge quando o “como” é ignorado em nome do “entrega logo”. Muitos desenvolvedores sequer conhecem fundamentos como orientação a objetos, design patterns ou princípios SOLID.
Não é incomum ver aplicações sem testes, sem versionamento estruturado, com controle de dependências ausente e códigos que não seguem nenhum padrão de legibilidade. O famoso “funciona na minha máquina” se transformou em “o cliente aprovou, então está pronto”.
Exemplo prático: a ilusão da entrega rápida
Imagine um e-commerce lançado em tempo recorde com tecnologias modernas. A interface é linda, mas o back-end é mal estruturado, os endpoints são inconsistentes e não há documentação de API. Sem testes automatizados, qualquer nova funcionalidade quebra outras. A equipe, que comemorou a entrega ágil, agora gasta mais tempo corrigindo bugs do que desenvolvendo melhorias. O barato saiu caro.
O papel mal interpretado das metodologias ágeis
Scrum, Kanban, XP… todas nasceram para melhorar fluxos de trabalho, não para justificar pressa. O Manifesto Ágil fala em indivíduos, colaboração e resposta a mudanças — não em atropelar boas práticas. O que vemos, infelizmente, é uma distorção: reuniões diárias viraram burocracia, sprints viraram fábrica de funcionalidades, e o planejamento técnico foi engolido por cronogramas apertados.
Na Hausti, a entrega não sacrifica a engenharia
Nós adotamos metodologias ágeis. Mas com consciência. Defendemos que cada linha de código reflita arquitetura sólida, que as decisões técnicas tenham embasamento e que cada sistema entregue possa ser sustentado e evoluído com tranquilidade. Temos expertise em performance, tuning e banco de dados — especialmente SQL Server, que é um de nossos pilares — e não abrimos mão de testes automatizados, revisões técnicas e documentação clara.
Usamos IA como ferramenta de apoio, não como atalho para gerar soluções frágeis. Acreditamos na formação contínua dos nossos desenvolvedores e cultivamos um ambiente onde o bom código é tão importante quanto a entrega em si.